segunda-feira, 24 de maio de 2010

O Evento visto por trás da Cortina


Por trás de toda festa ou evento existem profissionais que executam todo o trabalho duro. Organizar um evento não é uma coisa tão simples como muitos pensam, há uma responsabilidade imensa nesse trabalho. Planejamento antes de qualquer coisa, responsabilidade com horários e uma disposição digna de um “Iron Man”. Conversei com Charles Dias, 25 anos e está a três anos nesse mercado de shows internacionais.

A rotina de Charles na época de evento é longe do que se possa chamar de rotina, horários incertos, ser "babá" de artistas, conter fãs enlouquecidos, guia turístico, além de ter que cuidar da parte técnica do show: montagem de palco, passagem de som das bandas, em tempo para que tudo ocorra no horário previsto.

”O trabalho começa quando a banda chega ao país, tendo que buscá-los no aeroporto, hotel, restaurante, mas em alguns casos devido a atrasos de voos essa rotina é quebrada, tendo que ir direto para o local do show, ai que me desdobro, pois tenho que seguir um horário rígido para que o show aconteça, e fazer que a banda e mais ainda o público saiam satisfeito do show”
.

Imprevistos podem acontecer, mas as vezes Charles conta com a sorte. Na tour de 2009 das bandas Madball e Agnostic Front, na volta do último show da turnê Sul Americana as fortes chuvas que caíram no período bloquearam a estrada, e fizeram com que bandas e equipes ficassem presos na rodovia que dá acesso a São Paulo, fazendo com que eles quase perdessem o voo para casa.

Atender aos caprichos dos artistas é algo muito presente em sua rotina, como ocorrido em 2007, em que percorreu praticamente toda Rua Augusta em uma tarde chuvosa de domingo, a procura de um chá quente para um integrante da banda que estava em turnê na época, pouco antes do show começar.

Porém nem tudo nesse trabalho é correria e cansaço. Existe uma compensação além da financeira, como conhecer artistas que admira ”Tive oportunidade de conhecer pessoas que sou fã, que muitas vezes a minha admiração por elas só aumentou, por serem simples e passarem a sua verdades em seus respectivos trabalhos”

sábado, 1 de maio de 2010

Hardcore Punk Vivendo de Passado?


Os olhos brilham quando se fala do passado, algumas pessoas ficam bravas com isso, porém é triste de se dizer, mas o passado foi bem mais legal hardcoremente falando. Não sei o que acontecia antes, se era mais dedicação ou a falta de informação dava mais animo pra molecada, não tem como fazer uma analogia com as bandas de hoje, acho que perdemos sempre ao comparar. Existem vários fatores que são claros, á intensidade e emoção são descaradas nas bandas, por mais que à técnica não seja de um músico profissional, toda essa junção era uma coisa bem marcante na maioria das bandas.

A diversidade de bandas que existia no Brasil nos anos 90 era maravilhosa, você podia peneirar todos os estados do país que encontrava coisa boa. São Paulo sempre foi o centro, pelo fato de ser maior e as coisas chegarem aqui com mais facilidade. Bandas como Newspeak, Another side, rethink, Self Conviction, Reajuste, Point Of No return, Family, Againe e etc. tinham com certeza algo mais, ai vem a minha eterna dúvida, por que as bandas de hoje em dia não tem mais essa intensidade? Existe um grande problema, a limitação musical dentro do hardcore, ninguém mais se interessa em adquirir o mínimo de conhecimento, seja técnico ou de bandas mesmo. Não adianta "passar cola" no pescoço e só consiguir olhar pra frente, o hardcore/punk tem muito a oferecer, basta você saber sugar tudo que ele tem de bom, sem colocar barreiras e preconceito, e não julgar as bandas pelas pessoas que gostam, se nós fossemos pensar assim, o que seria do Cro Mags, Agnostic Front, Crass e etc., bandas ótimas com um publico bem chato, colocar na balança os pontos positivos e os negativos, ver se compensa levar em consideração ou não, mas sempre conhecer, esse é o foco.

Quando se lê o encarte do disco do Self Conviction - A War To Show That Peace Heans Justice For Everyone, já se tem uma base de onde eles tiraram toda intensidade, pode não ser a coisa mais linda do mundo, porém você percebe que não é uma coisa limitada, cada música tem como referência, que vai de Heresy a Chokehold e de Youth of Today a Dead Kennedys sejam elas referências musicais ou ideológicas, que na maioria das vezes são as duas coisas agregadas. Esse é o ponto que as pessoas que estão envolvidas com o hardcore hoje pecam, acabam se limitando em um estilo só, vivendo nesse mundo de 8 ou 80. Não adianta negar, tem que haver boas ideias? sim tem que haver, produzir e tudo mais, porém o nosso alto falante com a sociedade, e com as pessoas que estão envolvidas no mesmo circuito que nós, é a música, e de música ruim ninguém gosta, a mensagem acaba ficando cada vez mais baixa até que ela some. Já dizia o No Violence, "Em todas as frentes temos que lutar, há um novo dia por vir, transcender nossos limites...”.


Na foto: I Shot Cyrus.
Foto por: Mateus Mondini